"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Da sua Eisoptrophobia

IN: http://memorise.org/top-10-brain-foods/5-eisoptrophobia
Era uma vez um passarinho que pensava que era pedra...

Andei pensando em você. Não do jeito habitual, nas nossas enormes similitudes, projetando o que poderia ser, sentindo sua falta, lamentando o que não foi, etc e tal...
Nove meses depois e uma hora a gente renasce, voa e vê, de longe, o que estava a acontecer... E hoje eu entendo, ah, embora palidamente, eu entendo seu medo de me saber, de me ouvir ou de me ver. Sua distância calculada e seu modo de se esconder. 
Hoje eu entendo, embora ainda não aceite, que até meu amigo você hoje se negue a ser. Hoje eu entendo, embora ache terrível, o tanto que você se esforçou pra me afastar, me espantar depois de me atrair. Lembro comovida de cada detalhe, ignorância e pedrada, cada sumiço e mensagem não respondida...  
É que eu não sabia disso, dada que estava à transparência e genuinamente interessada em me envolver. Eu não sabia disso, dado que aquele sonho, foi você quem nos propôs viver... Eu não sabia disso, do medo que você teria. Eu não sabia disso, talvez nem você sabia...
Hoje eu entendo, ah, eu imagino, que deve ser bem difícil... Deve ter sido um torturante exercício pra você, de repente, se ver encarando a própria covardia, o egoísmo, a sombra de si mesmo, em mim espelhada... Eu entregue não percebia nada, só queria estar e ser. Por pura ousadia e vício, aceitei em dupla seguir o voo, me doei, como sempre me doo, e aceitei de bom grado, de você mesmo te proteger. 

"Enfim"... essa palavra que era tão nossa! E para minha surpresa, você decretou que era o fim.

Caí com teu peso e teu medo. Desse tipo de voo não se sai ilesa. Machuquei a asa, levei um tempo em degredo... Mas pra mim, eu decido: é sempre movimento e será pro alto e avante. Cada um escolhe o que pra si, será aterrorizante e sei que é o medo de ter medo quem me paralisa. É hora de seguir planando, havendo ou não havendo brisa. Se quiser, acene pra mim aí de baixo que eu vou seguir caindo pro alto - sim, eu me acho. Te mostrei que somos pássaros, mas você não saberia...  E há tantos outros pra, no ar, nos fazer companhia... Você se surpreenderia! 

Noutra vida, na minha fantasia, serei jabuti e talvez a gente volte a se ver e eu ainda seja espelho pra ti e de mim, talvez você não tenha mais fobia... "Enfim". Tudo tanto talvez é o que faz da vida poesia, mas hoje acho que nem nisso você me entendia... De novo, eu sinto, fui eu quem entendeu você. Tô te entregando a raiva que você fez florescer, nesse lugar de memória, onde vim pra te lembrar: 
Você pensa que é pedra, por isso não pode voar. 



2 comentários:

Iwakura disse...

Não era pedra, era chinelo :p

Unknown disse...

"Você pensa que é pedra, por isso não pode voar. "
Simplesmente lindo!
Algumas pessoas aparecem na nossa vida fazendo com que esqueçamos de que somos pássaros e nos prendem ao chão nos impedindo de voar.
Vivo algo assim, muito do que gosto e penso não é falado por causa do outro, por ele dizer que eu não posso ser assim, que o que eu gosto não é pra eu gostar, que tenho que ser mais séria, mais fria.
Amei suas palavras❤️