"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Capa de" J'ai besoin de tendresse", de Ange Axel Moncorgé.2016.

Vou guardar meus poemas
meus três metros de mensagens
sem respostas
minhas mãos passeadeiras em suas costas
meus abraços fora de hora
meus beijos doados sem medo
minha boca, meu tesão
vou guardar a ânsia de te ver
vou guardar a ânsia de te ouvir
vou guardar a ânsia de viver
e do teu lado dormir.

Vou guardar pra mim
os atos de amor escondidos
na compra de supermercado
no banho do seu cachorro
no wafler de limão
no vinho na geladeira
na roupa nova pro colchão
no sexo de segunda-feira
e a aquarela em que eu, inteira
me coloquei na sua mão.

sim meu amigo
não se preocupe, eu não brigo
sou desse jeito, e no meu peito
pelo sim, pelo não
Vou guardar aqui  
o que você, na sua sandice
amarga e duramente 
me pediu que eu não repetisse...
não vou deixar meu amor se esvair completo
nessas lágrimas em que há tantos dias 
eu me derramo, derramo, derramo...
repito e guardo pra mim,
já que você, distante e covarde, prefere assim
não te digo mais que eu te amo.

8 comentários:

Edgar Borges disse...

Pow, pow, pow! Três petelecos na cabeça e um "perdeu, manezão" foi o que imaginei.

Devair Fiorotti disse...

Te empresto uma faca um canivete
Te empresto uma draga uma porrada
Te empresto uma ventania, um furacão pra que leve pra longe
Te empresto, pra que arranque expulse deixe se ir com o vento
Tamanha dor-solidão
Te entrego palavras e braços, abraços sempre que precisar

roberto mibielli disse...

Jogue fora tudo isso
Dor
Tesão
Amor amargado
Roupas de vestir e ostentar

Pra quê acumular
Jogue fora teu lugar no mundo
E os post its de lembrar
O caminhos das coisas
E os descaminhos dos gestos

Jogue fora o cheiro do suor
Aliás ponha pra lavar os lençóis
Apenas guarde as camisinhas

Jogue fora a memória
Que o esquecimento se apropria dela
Mesmo suja na lata do lixo
Ele vai comendo cada pedacinho

O mais
O sexo e os vinhos
As risadas e os carinhos
As riquezas e presentes
porque não

Jogue no lixo lá de casa
Que eu dou um jeitinho

Prisca disse...

Desperta-me um sentimento, empatia.

Rosaliene Bacchus disse...

Amei sua poesia e tomei a liberdade para dar destaque ao seu poema, "Tristeza nao tem fim," no meu Canto de Poesia Setembro 2017.

Veja o artigo no meu blog:
http://rosalienebacchus.blog/2017/09/03/sadness-has-no-end-by-brazilian-poet-eli-macuxi/

Elimacuxi disse...

Rosaliene, toda minha gratidão por esse presente! Um abraço!

Anônimo disse...

Não guarde
Traga pra mim
Vou ler e assim
Retirar tudo que incomoda

Vamos agora, de braços e corpos dados
Seguir sem isso, sem poemas guardados
Com tudo exposto, em carne viva
Transbordando vida sem fim

Elimacuxi disse...

deixa o endereço
que eu apareço
com poemas sem preço
com desejo de ontem
com cara de hoje
e gosto de amanhã...

só não faça assim
promessa de expor tudo anonimamente
seja cara a tapa
e já que é primavera
brotada semente.