"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Rudeza

todo dia luz
e a claridade tanta
daquele amor o cegava

um dia amanheceu treva
comeu e cuspiu no prato
pisou no rabo do gato
gastou desdenhou rompeu

fez com o amor uma mancha na parede
pra lembrar que o mundo é rude
e não varia

afogou-se
e morreu de sede.



segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Despreparo

quantas patas têm
as formigas do teu desdém?
em mim procuram comida
açúcar, trabalho, guarida?

por ora descanso
bebendo formicida.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Processada

cansada
de fazer cara de fada
para o falho, o feio e o fútil
cansada de fazer finuras
a quem nada entende 

cansada de fingir
que fiascos são festas

admito
há certa crueldade mesmo
em dizer cada palavra
proferir verdades
como quem joga facas

há vingança
contra o que é vil 
e sem valor.


terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Saudade

Sua pele limpa
cheirava tão bem...
eu enchia
os pulmões de alegria.

Seduzida
fiquei tonta
e mudei de vida.

Te comia com os olhos.
Habitando em você
satisfeita e orgulhosa
quis ser tua filha, tua amante
tua esposa e namorada
eternamente apaixonada.

Hoje pela manhã
antes mesmo do sol nascer
junto do vento que te visita em janeiro
busquei-te, ávida.

E o dia inteiro
me corrói a dúvida dolorida:
onde está você, doce menina florida?

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

desamor

ali estava eu
unhas e boca vermelhas
cerejas oferecidas
pra essa e outras vidas

ali estava você
cego surdo mudo torpe
mau, sisudo, roto e só
puro pó

era de um desprezo louco
o destino rouco que me rugia
e eu não fugia.

o dia reverso
ressurgiu perverso
e claro de terror:
desbotadas cores,
cerejas murchas,
desamor.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Insaciável

a verdade 
é que te anseio
vivencio 
e me vicio

por isso
- a qualquer preço - 
negocio teu ócio

por isso
-sempre que posso -
te alicio

sim,
meu vício
é nosso cio