"Uma atividade voluntária exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente de vida cotidiana." (Huizinga, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5ed. Saão Paulo: Perspectiva, 2007)
De todos os brinquedos que a vida me deu, o que mais me cativou foi o de jogar com as palavras. O jogo se faz completo quando escrevo e alguém replica, quando replico o que escrevem... É na intenção de reunir jogadores e assistência, que meu blog é feito.



quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

azulada
a pele acordada
desatando nós
desencontrados

teu suspiro
meu suspiro
desafio
arrepio
minha pele
tua pele
nosso cio.

ontem, nua
cavalguei a lua.


quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

de presentes e ausentes

no fim da noite infeliz
o presentinho 
 - esquecido sob a árvore - 
questionava angustiado
com o tempo que lhe cortava a carne 
feito foice a fino fio:
- não virá o esperado?

não fazia frio
era o retrato do abandono
o triste presente sem dono.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

é findiano

tanta alegria...
há um bicho que me arranha
por dentro:
não quero papo.

Tudo me cobra
a paciência que se exercita
mas é certo que estou um trapo.

Até que aceito e finjo bem,
mas odeio natal
e a obrigatoriedade da família reunida,
comida, bebida
etc e tal.

por isso, à meia noite
completamente despida
sob o céu e uma cortina de fumaça
quero que você me faça viajar
pra onde não haja mais nada:
nem família, nem comida,
a forçada alegria
hipocrisia
a me lanhar.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

ontem, no escuro
chorei feito criança
chorei pois a dança dos meus pensamentos
denunciava movimentos desesperados
nós desatados
desencontros e outros babados
que compunham uma colcha de horror.

ontem, no escuro do quarto
era noite e não acendi a luz
não acendi porque erroneamente supus
que isso iria aliviar a dor

ontem, um anjo triste me estendeu seus braços
destapei os olhos e me deixei verter
a duros passos, sem companhia,
num caminho de me perder
ontem, adormeci sozinha
tão só que a noite embrutecida
decidiu que seria companheira
foi-se logo embora
e amanheceu segunda-feira.

domingo, 16 de dezembro de 2012

para o melhor time do mundo

ouve o tropel?

hoje
meu coração que andava trotando
galopou o peito, violento
dentro
parecia se unir a outros milhões de corações
que também galopavam
num ritmo louco

eu fui ao céu.
(título mundial é pouco
eu amo mesmo é a Fiel)

domingo, 9 de dezembro de 2012

Fim do Mundo


calor
e envolvimento:
pura proteção.

cuidado
e conforto:
um porto.

procuro meu fim de mundo
longe de agruras externas
e encontro no mais profundo
do entre de suas pernas.



"Buraco negro é uma 'coisa' 
que de negro tem tudo 
mas de buraco não tem nada." 
prof. Renato Las Casas. 
in www.observatorio.ufmg.br


sábado, 8 de dezembro de 2012

Poema com ciúme e tudo

Perdido em trilhas
virilhas novas
copos de maravilhas
versos e trovas
esqueceu os cabelos louros
esqueceu as falas e gestos
esqueceu as pernas abertas
esqueceu histórias e o resto.

Foi assim que veio o fim:
ele se meteu no fim do mundo
se esqueceu de tudo
e esqueceu de mim.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Vento

Van Gogh. 















Você jogou tudo fora
por inconstância, por medo
por excesso de segredo
ou motivo que ignora.

Não venha ventar agora.

Meu tempo hoje é de bonança
então leve sua dança
em silêncio pra bem longe...

Não venha plantar ciúme
nem apagar o meu lume 
esquecido de você.

 - e não espere outra chance
já morreu nosso romance
te aconselho a me esquecer.